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Alguém pode fazer falta por muito tempo. Eu não sei como anda o seu “saudadômetro”, mas é possível admitir que existe gente que espera por alguém há muito tempo. Não apenas por pessoas, mas também por coisas, por ocasiões. Cada um tem suas esperas. “O Terminal” é meu filme preferido por tratar desses assuntos. As pessoas e tudo aquilo que elas esperam.

Eu não sei se você está esperando alguma coisa. Eu espero por várias. Hoje estou em casa e falta pouco para que eu durma mais uma vez. É estranha a sensação de vazio que existe sempre que eu me sento em frente ao computador, e depois de ler as caixas de entrada, de olhar os comentários nos blogs que administro, depois de ler alguma matéria interessante, depois que olho os bonequinhos verdes do MSN… Vazio. É como se sempre faltasse alguém, e falta mesmo.

Terminei o livro que Andréia me deu de presente [aquele que comentei aqui outro dia] E como os últimos livros que tenho lido, o terminei com os olhos marejados. Depois de passarem vários personagens que agiram heroicamente no contexto “básico” da história bíblica, como Moisés e o próprio Davi, é um dos meus personagens preferidos que encerra a corrida. Jônatas me mostrou um pouco mais de sua lição de vida, muito mais do que aquilo que aprendi e li, depois de tantos anos. Isso me lembrou uma história antiiiiiiga.

“Jônatas” é um nome significativo pra mim. Engraçado que recentemente tenho conhecido algumas pessoas com esse nome e isso me faz rir de algumas situações. Quando eu era ainda uma criança, na famosa salinha da escolinha bíblica para crianças, uma de minhas queridas tias (tia Jana, te amo! Saudadonas!) contou ao grupo a história de dois grandes amigos: Davi e Jônatas. Ela nos ensinou sobre a importância da amizade contando o modo como Jônatas foi companheiro de Davi, não dando apenas presentes, mas dando passagem para que o amigo subisse ao trono. No fim, ela terminou: “e Jesus tem um Jônatas para cada um de vocês”. Meus olhos brilharam.

Naquela época eu me dei conta que tinha me convertido por falta de amigos, mas o Jesus que havia se tornado meu amigo pessoal me fazia uma promessa de que mandaria um amigo, assim, visível, pra mim. Eu tinha só 11 anos e fiquei empolgado com a idéia. Me lembro que comecei a escrever cartas para o “Jônatas”, que eu não conhecia e nem sabia o nome, mas sabia que existia e estava me procurando.

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Continuei escrevendo as cartas, que eu nunca enviava por não saber para onde enviar. Então, eu fingia pra mim mesmo que elas “voltavam”. Se passaram alguns anos disso aí, mas a espera nunca desanimou. No caminho, várias decepções. Acho que por diversas vezes tive certeza de que o tinha encontrado, mas não passava de um alarme falso. Continuei esperando. Dez anos se passaram e nada parecido com último capítulo de novela mexicana aconteceu. Talvez meu problema esteja mesmo em ter assistido novelas demais.

Hoje fico me lembrando de tudo isso e rindo de mim mesmo. O autor do livro que li disse uma frase bem interessante: “bem aventurado o que ri de si mesmo, a este nunca faltará diversão”. Pelo que vejo, tenho me esforçado para que a diversão não fique em falta, ainda quando eu tiver 30 anos e voltar para ler esse texto.

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Mesmo assim, pra você estão guardadas todas as tardes, todos os brigadeiros, todos os filmes [e pipocas], todos os milk-shakes no shopping, todos os risos, todos os elogios, todos os abraços, todos os conselhos, todas as lágrimas e toda a disponibilidade do meu ombro. E eu vou te esperar, pra sempre.